Isaquiel Cori
Logo após a
publicação, no ano passado, em Lisboa, do seu livro “O Acumulador”, acertamos
com João Melo que faríamos uma entrevista a propósito. O escritor fez questão
de nos fazer chegar, por portador, um exemplar do livro. Depois de vários
contratempos, da nossa parte e não dele, eis que finalmente as coisas se
conjugaram e efectivou-se a entrevista através de perguntas e respostas
expedidas por email, com as óbvias limitações inerentes a esse formato. O livro
“O Acumulador” é uma colectânea de sete contos, “Quatro recordações da
infância”, “O acumulador”, “Uma combinação espúria”, “Breve história do doutor
Cunha”, “Uma simples história de amor”, “A encruzilhada” e “Os pesadelos do
Grande Muata”.
João Melo fala do
seu livro, do “investimento” que fez na internacionalização da sua obra, da
situação na Palestina e em Moçambique, explica as razões que o fazem viver no
estrangeiro, entre outros assuntos
Começou a publicar muito cedo, de tal modo que é um dos membros fundadores da União dos Escritores Angolanos. Pode falar-nos de quando e do ambiente em que começou a escrever? Quais foram as pessoas que o influenciaram a gostar de ler e a escrever?
Eu não comecei a publicar muito cedo, pelo
menos em livro. É verdade que os meus primeiros poemas foram publicados em
1973, tinha eu 17 anos, numa revista que havia em Luanda, a Semana Ilustrada;
mas o meu primeiro livro – “Definição” – só foi publicado em 1985, quando já
tinha 30 anos. Hoje, aos 18 anos ou menos, os jovens principiantes já querem
ser reconhecidos como “génios” ou quase.
Quem o convidou a assinar a acta de proclamação da UEA?
Foi o escritor Luandino Vieira, por sugestão
– creio – de Manuel Rui, que eu conheci em Coimbra, logo depois do 25 de Abril
de 1974, e a quem mostrei os meus poemas escritos até àquela altura.
Como era a movimentação literária em Luanda, antes do
eclodir da guerra entre os movimentos de libertação?
Creio que se está a referir ao período depois
do 25 de Abril, quando eu tinha 19/20 anos. Não creio que se possa falar em
“movimentação literária” nessa altura, com os combates nos bairros e as balas
cruzando regularmente os céus da cidade. Todos nós (mais ou menos) estávamos
envolvidos com duas coisas: política e a guerra urbana. É claro que os
escritores ou os que tinham aspiração a sê-lo continuavam a escrever, mas era
um exercício estritamente pessoal.
Logo depois da proclamação da independência, Agostinho
Neto preconizava que a literatura devia ser o “carro chefe” da Cultura, com os
escritores a serem merecedores de um prestígio que jamais voltariam a ter.
Retrospectivamente, acha que aquela opção foi realista?
Não é por não ter dado certo que era
“irrealista”. Aliás, é simples: não deu certo, porque não foi aplicada, como
tanta coisa em que se pensou nos primeiros anos da independência – recordo, por
exemplo, os centros de saúde nos bairros... -, mas que foi posteriormente
jogada no lixo. Entretanto, continua válida. A literatura é fundamental, desde
logo, a partir do sistema de educação básica, pois que contribui para a cultura
humanística de todas as sociedades. Mas hoje ninguém quer saber disso, em todo
o mundo: o pessoal quer é dominar a informática, os algoritmos, a chamada
“inteligência artificial” e usar tudo isso não para melhorar a vida em comum,
mas para ter likes e engajamentos, monetizar e ter sucesso individual; os mais
espertos querem trabalhar em qualquer uma das Big Four ou, então, convertem-se
em “nómadas digitais” e vão para Bali, passando a viver dos seus investimentos
em bitcoins.
A chamada angolanidade literária liberta a criatividade
ou é uma amarra à criatividade?
Se entender isso pela obrigatoriedade de
escrever unicamente de acordo com a geografia e a temática angolanas, de
preferência “tradicional”, seja lá o que isso for (normalmente, os
“tradicionalistas” esquecem-se que Angola está ligada à história do mundo há
muitos séculos!), tende, sem dúvida, a sê-lo, pois “escrever por obrigação”, em
princípio, não dá certo. Seja como for, isso não tem impedido que o
“nacionalismo literário” tenha dado grandes obras em todo o mundo, incluindo no
nosso país. Mas o que eu defendo – há muito tempo! – é que os escritores devem
ter a liberdade de escrever sobre tudo o quiserem, como o quiserem e quando o
quiserem. Os ditames, sejam eles político-ideológicos, “revolucionários”,
formais, linguístico-estilísticos, “identitários” ou “wokistas”, quando impostos
a partir de fora (pelos partidos, academias, críticos, “militantes”, o
“mercado”, os “influencers” e outras figuras do mesmo teor) são fascistas.
Podemos, é claro, usar todos esses viezes, mas sem perder a independência
artística e a criatividade.
Das memórias da infância à realidade actual de Angola, “O
Acumulador” é, ao fim e ao cabo, apesar dos pesares, uma declaração de amor a
Angola. Qual é a versão de Angola que mais ama? E a que odeia?
Como posso odiar o país onde nasci, cresci e
trabalhei, pelo qual a minha família, quer do lado paterno quer materno, lutou
pra que se tornasse independente, pela qual o meu pai, Anibal de Melo, e o meu
irmão, Kiluxa, morreram e pela qual eu procurei igualmente dar o meu melhor
contributo, com as minhas limitações, as minhas ilusões e os meus equívocos?
Isso não faria sentido.
A memória ou a evocação do Pai é uma constante na sua
obra. Você escreveu: “… Os heróis são seres morais; os mitos são construções
estéticas”. O Pai da sua memória, e da sua obra, é um herói ou um mito?
É um herói, um mito e uma espécie de
“oráculo”. Agora não tenho dúvidas: a morte dele, seis dias após a
independência e nas circunstâncias em que ocorreu, foi um aviso. O título do
meu segundo romance, que estou a escrever, será esse: “O Aviso”.
O Mundo, em geral, está tomado pelo politicamente
correcto? Estamos, como disse um dos narradores no “Acumulador”, em “tempos de
esdrúxulas” proibições?
É lamentável, mas verdadeiro.
“O Acumulador” é um conto que apela à cumplicidade do
leitor, a quem o narrador se dirige abertamente e se ri do que conta. O
sarcasmo, aliás, parece ser uma das marcas da sua escrita. O riso, o sarcasmo,
é um expediente literário ou também faz parte da sua forma de ser e estar?
É uma maneira de estar na vida. Nós – nenhum
de nós! - não somos tão importantes ou infalíveis como pensamos.
O conto “O Acumulador” tal como termina, na senda do
conceito de “obra aberta” de Umberto Eco, resulta do “imbróglio” em que o
narrador se meteu ou da “prudência e realismo” derivado do facto do personagem
ser uma figura camaleónica e ainda em processo, de tal modo que não se sabe que
aspecto assumirá amanhã?
Sou fã confesso de Umberto Eco e o conceito
de “obra aberta” é uma das suas maiores descobertas. A vida está sempre em
aberto. Se não fosse assim, a História, por exemplo, seria uma ciência morta –
e não o é!
A questão da forma, da linguagem, parece ser uma
preocupação sua nos seus últimos livros e também n’“O Acumulador”. Sente que
tem de apurar mais a sua voz ou essa tem de ser uma preocupação permanente de
todo o escritor?
Sempre tive essa preocupação. Literatura é
linguagem, além de forma e estrutura específicas. A propósito, gosto de outro
teórico, o russo Mikhail Bakhtin: - “O conteúdo está na forma”.
Um aspecto que intriga leitores atentos é a capacidade de
escritores angolanos em posição de poder escreverem obras a caricaturar esse
poder. Isso é indício de liberdade reinante no campo da literatura?
A sua pergunta responde a isso cabalmente.
Praticamente não há área da realidade passada, presente
ou ansiada do país, em que o melhor da literatura angolana não se tenha
debruçado de modo crítico. Mas a literatura repercute pouco ou quase nada na
vida das pessoas…
Há uma frase que responde a isso: os livros
não mudam o mundo, mas mudam as pessoas e estas mudam o mundo... Não é à toa
que os governos autocráticos e o mercado controlam a circulação de livros...
Fazem-no de modo diferente, mas ambos fazem-no...
Com a publicação cada vez mais difícil, as tiragens tão
reduzidas, entre 500 e 1.500 exemplares, e a demorarem anos para esgotar nas
livrarias, qual é a motivação para um escritor continuar a escrever?
Além da própria escrita, a motivação do
escritor são os leitores, claro. Ao contrário do que nos querem impingir os
arautos do neoliberalismo radical, livro não é uma mera commodity. Cabe, pois, aos governos genuinamente interessados em
promover o livro adotar políticas globais nesse sentido. Mas desde que o
pessoal da London School of Economics e outras aparentadas tomou conta da
economia em todo o mundo, a coisa está difícil... O que mais me dói, neste
momento, por exemplo, é que os meus últimos livros, publicados desde 2021, não
tenham um editor em Angola...
Sabe-se que a comunicação social é um dos elos mais
fracos do nosso sistema literário. Enquanto foi ministro da Comunicação Social
chegou a diagnosticar e a traçar metas para a comunicação social na sua relação
com a literatura, as outras artes e a cultura em geral?
A minha passagem pelo ministério da
Comunicação Social foi uma experiência pessoal surpreendente.
A sua obra expande-se além fronteiras, com edições de
obras suas e referências críticas em revistas e jornais e estudo em
universidades em Portugal, Brasil, Estados Unidos, Venezuela… Além do
reconhecimento do mérito da obra, certamente teve de investir pessoalmente?
“Investir” tempo, ideias, tentar abrir
oportunidades, aproveitar as que surgem... Não tenho agente literário, o que é
um problema, mas fui abrindo algumas portas aqui e ali... Outras abriram-se por
si, pois, em alguns casos, fui contactado por tradutores que abriram as portas
de algumas editoras... Agora, a minha editora portuguesa – Caminho – vai passar
a cuidar diretamente da internacionalização do meu trabalho, o que é bom.
Deixe-me acrescentar que, com base nessa
experiência e porque gostaria de ajudar a internacionalizar a literatura
angolana – e não apenas a minha! -, montei um pequeno projeto que o ministério
da Cultura avalizou, mas que não tem verbas para financiar; bati à porta de
quatro instituições empresariais e só uma delas respondeu: negativamente...
Quem disse que literatura é importante, não é? Lembro-me de um presidente
africano que, há poucos anos, criticou aqueles que pensam que a nossa cultura é
apenas abanar o rabo... Lamentável!
O que é que os leitores qualificados desses países
procuram e encontram na sua obra? Tem esse feedback?
Resumidamente, a história de Angola, em
particular a recente (a luta pela independência, a guerra civil, a situação
política e social pós-independência); as relações de Angola com o resto do
mundo, sobretudo culturais; a estrutura narrativa considerada pós-moderna; o
humor e a ironia. Sobre esta última característica, costumo dizer que o mérito
não é meu: como caluanda (com costela do Golungo Alto e de Malanje), sou
tributário do humor luandense (e angolano em geral).
Muitos argumentam que a diversidade linguística é um dos
grandes obstáculos à circulação e difusão do livro em África. Mas até nos
países africanos de língua oficial portuguesa essa circulação e difusão não
existe. Qual é o principal obstáculo, afinal?
O problema – real – da diversidade
linguística minimiza-se com traduções. Mas a maka é outra, como está patente na
sua correta observação de que essa dificuldade também existe entre os países
africanos de língua portuguesa (e lusofalantes em geral). A questão é todos os
nossos governos – africanos, da CPLP e outros – estão reféns das crenças e
práticas neoliberais, pelo que importar e exportar livros é o mesmo que
importar e exportar cebolas, tomates, computadores ou minérios. Aliás, corrijo:
se calhar, importar ou exportar minérios é menos oneroso economicamente, pelo
menos em termos percentuais, uma vez que, para facilitar os negócios, certas
taxas podem ser aliviadas ou isentas...
Não sei se sabe, mas, muitas vezes, um livro enviado pelo correio de
Angola ou do Brasil para Portugal – país da União Europeia – paga muito mais de
frete, direitos e taxas do que o respetivo custo unitário! E vice-versa... Uma
coisa patética... Há ideias simples para facilitar e aumentar a circulação de
livros entre os nossos países, mas ninguém quer ouvir.
Vive actualmente no estrangeiro. Em que país passa mais
tempo?
Desde que me reformei, no final de 2019, decidi
dedicar-me em exclusivo à escrita e à internacionalização do meu trabalho. Por
causa da Covid, 2020 foi um ano para esquecer em termos de viagens, mas deu
para escrever dois livros: “Diário do Medo” (poesia) e o meu primeiro romance,
com o título “Será este livro um romance?”. Entretanto, tenho dois filhos a
estudar nos EUA (um está a acabar o mestrado em literatura e outra está na
Brown University, sendo o primeiro estudante angolano em geral – a primeira, no
caso! - a entrar numa Ivy League, até agora) e, por isso, resolvemos ficar mais
perto deles; assim, a minha base principal desde essa altura tem sido Lisboa,
que funciona como uma espécie de plataforma, a partir de onde posso vir
facilmente a Luanda, ir aos EUA e também a outros lugares, principalmente por
causa de atividades literárias. Mas essa minha vida de “nómada” tem prazo, pois
isso de só comer jinguinga de três em três meses não dá! A minha costela
malanjina não aguenta...
É um dos fundadores do Clube Literário Kalunga, que uma
vez por mês junta num mesmo espaço escritores africanos de língua portuguesa,
de Portugal e América Latina, com destaque para o Brasil, para lerem poesia e
falarem de literatura. Sendo o principal mentor desse projecto, pode dizer-nos
das suas motivações e objectivos?
Simples. Divulgar, em particular aos leitores
portugueses, mas não só, a poesia africana contemporânea, mas fugindo a uma
espécie de “lógica de gueto”, misturando-a com a poesia portuguesa (o país
europeu que “descobriu” o Atlântico) e americana em geral; como sabe, não se
pode falar das américas sem falar de África.
Quais os critérios para participar nesses encontros?
Estar ou passar em Lisboa e ter interesse em
participar. Aproveito para reiterar publicamente o convite aos poetas angolanos
que passarem por Lisboa para participarem nesse evento. O mesmo tem lugar
sempre na última quarta-feira de cada mês, numa livraria chamada SNOB. Nem
sempre – digo-o – eu participo nesses encontros, mas eles não dependem de mim
para acontecer. A poeta colombiana Lauren Mendinueta, o português Luís Castro
Mendes, o angolano Zetho Gonçalves e o brasileiro Ronaldo Cagiano, além de
outros, mantêm a “máquina” a funcionar.
Na sua qualidade de articulista, nos últimos anos,
escreve preferencialmente sobre temas da actualidade internacional. Essa opção
é para evitar eventuais reacções adversas se abordasse temas da actualidade
política nacional?
A interpretação é sua.
Sendo uma pessoa muito atenta ao que se passa no mundo,
acredita que nunca estivemos tão perto da terceira guerra mundial?
Só não vê quem não quer. A paz deve ser a
principal bandeira da humanidade, neste momento. Precisamos de criar um
movimento pacifista universal, uma ampla frente anti-belicista e anti-extrema
direita.
Como compreender a impunidade de Israel que parece empenhada
em dizimar a população da Palestina?
Alguns atribuem isso – corretamente – à
falência moral do Ocidente e do seu complexo de superioridade civilizacional.
Eu vou mais longe: os factos atestam que o Ocidente continua imperialista e
colonialista. Os seus alegados “valores” são uma falácia. O Estado de Israel,
além de uma criação do anti-semitismo europeu (que, não querendo integrar os
judeus, inventou um país onde coloca-los), é um instrumento de limpeza étnica e
de domínio colonial na Palestina. Outros países fundados por europeus nasceram
assim, como a Austrália, que dizimou praticamente os aborígenes, mas na época
ainda não havia satélites, Internet ou Tik Tok e, portanto, o mundo não
assistiu a esse genocídio em direto. Voltando a Israel, não podemos
esquecer-nos também do seu papel de guardião dos interesses do principal
império mundial na Ásia Ocidental (a que chamamos Médio Oriente).
Como é que um partido político tão experiente como a
Frelimo, em Moçambique, permitiu que a situação descambasse para a confusão
actual? Quais as lições que o MPLA, em Angola, tem a tirar do exemplo da
Frelimo em Moçambique?
A questão é muito ampla, mas responderei com
uma ideia-chave, que julgo estrutural: quando partidos populares e de esquerda
(em sentido amplo, do trabalhismo ao marxismo-leninismo, passando pela
social-democracia) descobrem “a cor do dinheiro” e abdicam dos ideais de
justiça social, aderindo alegremente ao radicalismo económico neoliberal, essa
opção conduz à má governação (por exemplo, priorização de políticas equivocadas,
que beneficiam
os interesses dos ultra-milionários ou candidatos a sê-lo, mas não resolvem os problemas dos
cidadãos) e à corrupção (a qual, em certos contextos, como o africano, pode
tornar-se descontrolada); ora, o resultado dessa dupla deriva é só um: o
descontentamento popular, o qual, no limite, pode conduzir ao fim da hegemonia
dessas forças políticas. Esse fenómeno é literalmente global e começou com o
trabalhismo inglês no início dos anos 90. É também uma das explicações para o
crescimento da extrema direita no mundo. Os pobres estão a aderir a movimentos
populistas e messiânicos. Moçambique (e não só) está a correr esse risco. A
principal responsabilidade é da desgovernação e da corrupção.
Tem medo da Inteligência Artificial? Ela não pode pôr em
causa a arte de escrever tal como a conhecemos e a praticamos?
Medo? Não estou a pensar dar-lhe qualquer
confiança. Mas não posso deixar de fazer algumas notas. Primeiro, “inteligência
artificial” não existe, pois toda a inteligência é natural. Segundo, o
mecanismo designado erroneamente (por pura estratégia de marketing)
“inteligência artificial” é um instrumento, logo, é instrumentalizável, pelo
que, em última instância, depende de quem o detém e dos respetivos interesses
(particulares ou estruturais). Por fim, o único receio que tenho do seu efeito
relativamente à literatura, em particular, não é a sua suposta concorrência aos
“escritores de carne e osso”, digamos assim, mas – isso, sim! – o uso perverso
e até criminoso que alguns indivíduos fizerem da IA. São os casos, por exemplo,
do plágio e da fuga ao pagamento dos direitos de autor.
……………………
Bio-bibliografia
João
Melo nasceu em 1955, em Luanda (Angola), onde fez os estudos primários e
secundários. Estudou Direito em Coimbra (Portugal) e em Luanda (Angola),
licenciou-se em Jornalismo em Niterói (Brasil) e fez o mestrado em Comunicação
em Cultura no Rio de Janeiro (Brasil). É membro fundador da União de Escritores
Angolanos e da Academia Angolana de Letras. Desde 2020, dedica-se em exclusivo
à escrita, dividindo o seu tempo entre Angola, Portugal e EUA. Publicou até
agora 26 livros, entre poesia, contos, ensaios e um romance. Alguns deles, além
de lançados em Angola, Portugal e Brasil, foram publicados nos EUA, Cuba,
Itália, Espanha, Reino Unido e Tunísia. Tem poemas traduzidos para inglês e
francês, publicados em sites e revistas literárias internacionais. Em 2009,
foi-lhe atribuído o Prémio Nacional de Cultura e Artes, categoria de
Literatura. Em 2023, com o livro “Diário do Medo”, venceu o Prémio de
Literatura DST Angola/Camões.
“O
Acumulador” é o seu oitavo livro de contos. Neste novo livro, o autor prossegue
o seu projecto político-literário: interrogar-se sobre a sociedade e a política
angolanas. Além da história e da política do seu país, as relações
interpessoais, marcadas por sentimentos partilhados universalmente, são também
tratadas nestes contos. Temas inevitáveis, como identidade e raça, são
referidos com naturalidade, sem maiores dramatismos. Um destaque particular
para as relações entre homens e mulheres no contexto angolano, topo recorrente
na obra ficcional do autor.
(Da nótula da editora Caminho)
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