Isaquiel Cori
É um facto que as redes sociais, actualmente, são o "carro chefe" da Internet, isto é, constituem o motivo principal dos usuários acederem à Web. Antes já o foram os motores de busca com a sua quantidade quase infinita de informação sobre praticamente todos os tópicos e assuntos.
Os
internautas, vezes sem conta, perdiam-se [perdem-se] no meio de tanta
informação, incapazes de fazer as devidas conexões e dar um rumo a tanto saber.
E havia ainda [há] o aspecto da impessoalidade: ao accionar o browser estamos
claramente a lidar com a máquina não apenas como meio mas também como fonte de
informação.
É
o contrário do que acontece com as redes sociais, onde o internauta lida com
pessoas [virtuais], interagindo com elas, colocando questões e obtendo
respostas a mais das vezes em tempo real. As redes sociais são assim o lado
mais humano e humanizante da Internet, na medida em que a principal
característica do ser humano é precisamente a socialização.
Mas
aqui é pertinente colocar as questões: as pessoas com quem lidamos nas redes
sociais são verdadeiramente reais? São mesmo autênticas?
Ou
são máscaras, projecções idealizadas de eus solitários diante do computador? De
gente que sonha e vive contente, amando, sofrendo, lutando, perdendo, ganhando,
caindo, soerguendo-se, gritando, calando, batendo, apanhando, e projecta os
seus sonhos, através do teclado do computador, tablet ou smartphone para a rede
social de que faz parte?
Para
mim, confesso, esse é o lado obscuro das redes sociais e que, não poucas vezes,
me provoca vertigem. Gosto de falar com pessoas de carne e osso, olhá-las nos
olhos, sentir as palavras a saírem-lhes literalmente da boca, acompanhar os
seus gestos ou, pelo menos, se ao telefone, captar as nuances da sua voz.
Quando
leio um post no facebook ou noutra rede social é como se estivesse a ler um romance:
mais do que o autor, visualizo um narrador, um contador de estórias.
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