Como nos tempos actuais -, em todo o mundo -, compete ao futebol, os Palancas Negras fizeram os angolanos sonhar com a possibilidade de ir mais longe no CAN que decorre na Côte D'Ivoire, quem sabe, pelo menos, chegar às meias finais... mas não foi desta.
Isaquiel Cori
Não
foi desta, mas valeu a pena. Desde a qualificação para o Mundial de 2006 na
Alemanha que não havia tanta sintonia entre os angolanos e a sua selecção
nacional de futebol. A qualificação dos
Palancas Negras para os quartos de final do CAN 2024 na Côte D’Ivoire, não
sendo um feito inédito (foi a terceira vez) aconteceu depois de um longo
período de divórcio com o público, que perdera completamente a fé nos seus
rapazes. A jornada para a qualificação nem por isso convenceu, com vitórias
magras, muito poucos golos e exibições fracas.
Já
os jogos na Côte D’Ivoire convenceram e galvanizaram os adeptos, os golos
apareceram com fartura e as exibições foram de encher os olhos. Os Palancas
Negras fizeram sonhar a todos, todos começamos a acreditar que era possível ir
mais longe e, quem sabe, ganhar mesmo o título de campeão africano. O sonho,
que em ocasiões anteriores seria considerado autêntico disparate, pareceu a
todos completamente plausível, possível de alcançar aí bem ao dobrar da
esquina. Só que teríamos de passar, necessariamente, pela Nigéria.
Era
tanta a euforia dos angolanos
que muitos de nós esqueceram-se que a nossa selecção nacional tinha diante de
si um gigante do futebol, três vezes campeão de África (1980, 1994 e 2013), com
seis participações na fase final do Campeonato do Mundo (1994, 1998, 2002, 2010, 2014 e 2018) e dezenas de
jogadores a actuarem nos melhores clubes do planeta.
Sonhar não é proibido, é
verdade. Tanto é assim que os bravos jogadores fizeram-nos sonhar, tiraram-nos
por alguns longos dias da mesmice das nossas vidas, colocaram-nos entre as oito
melhores nações do continente e fizeram-nos sentir capazes de ir mais longe.
Mas encontramos uma parede chamada Nigéria.
E mesmo assim, em pleno
jogo, os nossos jogadores dignificaram o nosso país. Fomos derrotados pela
expressão mínima e saímos do campo de ombros e cabeça levantados. O futebol é
mesmo assim. Faz-nos sonhar, desilude-nos, mas chega um dia em que concretiza os
nossos sonhos mais altos. Um dia, talvez com uma outra geração de futebolistas,
certamente com mais organização e mais trabalho, vamos chegar lá, no âmago dos
nossos sonhos e despertar vitoriosos. Assim é o futebol. Assim é a vida.
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