Isaquiel Cori
Decidida e definitivamente Angola está a mudar. Não será exagero afirmar que o país está a viver um momento revolucionário, de implicações tão profundas em todo o tecido humano e social, que só daqui a uma ou várias gerações se poderá aquilatar da sua verdadeira dimensão.
As mudanças ocorrem aos olhos de todo o mundo, mas estamos tão ocupados a viver o nosso dia a dia que não paramos para reflectir sobre elas. O aspecto mais visível são as grandes obras de reconstrução e construção de infra-estruturas um pouco por todo o país. Grande parte das grandes cidades já estão ligadas entre si por estradas boas, que proporcionam conforto e prazer ao viajante e levam e trazem as mercadorias que dão nova vida aos angolanos.
As nossas cidades estão mais limpas, verdes e organizadas. A miséria, que era tão visível nas localidades do interior aí há pouco menos de dez anos, recuou, já não é tão visível. Os cidadãos (homens, mulheres e crianças) que vemos ao longo das nossas estradas nacionais, já não estendem uma mão faminta aos passantes. Pelo contrário. Ou acenam para as viaturas com produtos para vender, ou as ignoram completamente, de tão ocupados a trabalhar para o seu sustento.
Novos equipamentos sociais, entre os quais avultam as escolas e centros médicos, multiplicaram-se por esta Angola a dentro, aproximaram-se dos beneficiários, conferindo uma melhor qualidade de vida às pessoas.
Não haja dúvidas: de todo este contexto de prosperidade, em primeiro lugar material, está a emergir um novo tipo de cidadão, uma nova sociedade. Com a grande aposta na educação e na saúde há-de haver uma reconfiguração no seio das elites, com a entrada em cena de novos contingentes.
Ora, é sabido que país nenhum no mundo se desenvolveu sem instituições e líderes fortes e competentes. E as instituições e os líderes só são fortes quando a sua autoridade se baseia na moral. Ou melhor, na moralidade.
Da literatura à política, da música às artes plásticas, do sério ao cómico, do sagrado ao profano, do real ao ficcional, os nossos textos terão como substracto Angola, o país e as suas gentes. Queremos nos enriquecer com a experiência de quem divide connosco a existência neste Mundo de hoje, nesta época que nos coube viver. Simbolicamente, procuraremos estabelecer uma ponte com o passado e com aqueles que, não estando já vivos, deixaram um rasto de vida.
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