terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A força e o poder da fé erguem um novo templo

- Igreja Metodista Unida de António Rocha

Isaquiel Cori      Google+
 
A convite de Joca da Costa, presidente da junta administrativa, estive, num domingo recente, no culto da Igreja Metodista de António Rocha, no bairro Golfe 1. Foi a segunda vez que lá estive.
A primeira foi há cerca de dez anos e encontrei então uma igreja a funcionar numas instalações precárias de pau-a-pique. Algumas paredes pareciam ir cair a qualquer momento. Os crentes amontoavam-se num espaço pequeno com pouca circulação de ar e ao longo de todo o culto jamais largavam os lenços com que tentavam enxugar o calor do rosto.
A igreja de António Rocha serve uma comunidade que se estende do Golfe ao bairro Popular, maioritariamente de origem camponesa. Como em todas as igrejas angolanas, as mulheres são o motor da igreja, são elas que dinamizam as principais actividades. Ao longo da semana, pude informar-me então, elas iam às suas lavras nos arredores de Luanda, para regressarem à sexta-feira e então irem ao domingo assistir ao culto. Os seus filhos compunham a sociedade de jovens e davam as suas vozes ao grupo coral da igreja. Muitos desses jovens acabavam por namorar e casar com companheiros da igreja.
No domingo recente em que estive na Igreja de António Rocha constatei, diria incrédulo se não estivesse no interior da igreja, que a junta administrativa da igreja, agora composta em grande parte pelos filhos das mamãs camponesas, muitos dos quais  adquiriram a formação universitária, liderados pelo pastor Calenji, deitou abaixo o “edifício” de pau-a-pique e ergueu uma igreja digna desse nome, toda ela em cimento armado, com assentos no rés do chão e no primeiro andar. A arte decorativa no interior, ainda inacabado, em nada fica a dever aos lugares de culto situados em comunidades mais abastadas.
Há dez anos a igreja, em termos arquitectónicos, estava perfeitamente inserida no seu meio: a maioria das casas em redor era de pau-a-pique ou madeira, com quintais de chapas de zinco. Com o tempo as casas em redor passaram a ser de blocos de cimento, tal como os quintais: nesse cenário, a igreja de pau-a-pique parecia uma relíquia. Hoje, com o seu magnificente edifício, a Igreja de António Rocha sobressai no bairro, onde é o seu “farol” arquitectónico, a referência das referências.
Ao longo do culto pude aperceber-me que o mosaico  sociológico da comunidade de António Rocha é basicamente o mesmo de há dez anos, mas com uma franja mais alargada e activa de jovens conscientes do seu papel de baluartes da igreja. As mamãs e os papás camponeses estão cansados e muitos deles desiludidos com as desapropriações das suas lavras que deram lugar à construção de bairros residenciais, fábricas, o novo aeroporto e outros empreendimentos. Alguns dos papás e mamãs que eu há dez anos vira cheios de vigor e saúde a cantar e a dançar hoje ainda cantam e dançam mas estão visivelmente velhos, cansados e até mesmo doentes. Todavia, é visível nos seus olhos o brilho aceso pela fé  e o orgulho de terem participado da obra de construção do novo templo. E pelo facto de verem os filhos a erguer o testemunho da igreja.
Durante muito tempo reflecti sobre a força da fé e da igreja e do quanto as pessoas podem ser levadas a fazer boas obras em prol da comunidade, independentemente da sua condição social. A obra monumental da nova igreja de António Rocha foi feita com dinheiro arrecadado nos cultos. Tostão a tostão, kwanza a kwanza, as contribuições de cada um dos crentes e eventuais visitantes permitiram a concretização do sonho: uma igreja nova, moderna, digna dos crentes mas, sobretudo, do próprio Deus que eles adoram.
Ao sair daquele culto dominical renovei a minha fé em Deus e na capacidade que Ele tem de inspirar os homens a juntos fazerem coisas boas.

1 comentário:

  1. Kota Isaquiel, prezado irmão em Cristo,
    Sou membro da Igreja Metodista de Moisés, ao Cazenga, e estando a trabalhar na Lunda Sul frequento a Central de Saurimo que ainda é de adobes mas com uma edifício em cimento e betão à volta que vai dar lugar ao velho edificio. A Moisés, em Luanda tb está em obras. A descrição que faz da António Rocha é a mesma que se pode fazer da Moisés e da Central de Saurimo.
    Recebe as minhas felicitações.
    Só faltaram as fotos da António Rocha.

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