Amélia
Dalomba, presidente da Comissão Eleitoral
Isaquiel
Cori
A
eleição dos novos corpos sociais da União dos Escritores Angolanos (UEA) acontece
a 20 de Abril, na sua sede, em Luanda, com a apresentação de duas listas. A
lista A é liderada pelo actual secretário-geral, Carmo Neto, e a B por António
Gonçalves.
Até
ao dia 18 decorre a campanha eleitoral, com os candidatos a movimentarem-se e a
divulgarem os respectivos programas.
Amélia
Dalomba, presidente da Comissão Eleitoral, disse que todo o processo está a
decorrer “com imensa tranquilidade”.
“O
nosso trabalho é estabelecer consensos e equilíbrios e estamos a encontrar
bastante colaboração entre os candidatos. Não temos nenhuma situação que lese
os estatutos”, referiu.
A
escritora garantiu que “os preceitos democráticos e estatutários estão
presentes no processo e estarão presentes no pleito eleitoral”.
Disse
esperar que a campanha eleitoral continue a decorrer com transparência e civismo
e que cada um dos concorrentes “cuide do respeito pelo prestígio
e a memória da instituição”.
Deu
a conhecer que está previsto pelo menos um debate entre os cabeça de lista, em
data por acertar, na Rádio Nacional.
Fazem
igualmente parte da Comissão Eleitoral os poetas António Panguila e Nok
Nogueira e um representante de cada uma das listas concorrentes. O resultado da
eleição é conhecido no dia 20 e os órgãos eleitos tomam posse no
dia 28.
A
UEA, fundada a 10 de Dezembro de 1975, congrega a grande maioria dos escritores
angolanos. As suas acções estendem-se pelas vertentes associativa e editorial.
O incentivo à escrita e a promoção do livro, da literatura e da leitura são as
suas principais actividades.
***
Programa
da Lista A
Trazer a público
novos talentos literários
O
programa da Lista A, onde pontificam Carmo Neto, candidato a secretário-geral,
e Adriano Botelho de Vasconcelos, presidente da mesa da Assembleia Geral,
manifesta a intenção de promover e divulgar cada vez mais a literatura angolana
e trazer a público novos talentos no quadro do princípio da continuidade.
Segundo os seus mentores, está voltado para a elevação da imagem dos escritores
angolanos, o aumento das publicações e o reforço do papel da instituição como
uma referência nacional e internacional na literatura, contribuindo na
promoção, divulgação, construção e conservação da história de Angola no domínio
cultural.
O
programa prevê fortalecer as capacidades internas, para melhor responder e servir
os seus membros e a sociedade. Estabelece como linhas estratégicas para os
próximos três anos o reforço da capacidade, imagem e relações institucionais; a
promoção e divulgação da literatura angolana e a identificação e promoção de
novos talentos.
O
secretariado executivo, refere o documento, levará a cabo acções de capacitação
dos quadros internos sobre estratégias de realização e produção de programas
culturais e estabelecimento de protocolos de parceria com diversas instituições
(internas e externas).
É
garantido que a comissão directiva procurará mobilizar e proporcionar espaços e
meios para divulgação das obras dos membros dentro e fora do país e trabalhar-se-á
na descoberta de novos talentos, tornando-os públicos com vista a incentivar a
juventude ao gosto pela escrita e leitura.
A
Lista A impõe-se como missão assegurar a promoção e divulgação da literatura
angolana dentro e fora do país; defender os interesses dos membros da UEA e trazer
a público os novos talentos da literatura angolana.
A
meta é tornar cada vez mais a UEA uma referência incontornável na literatura
angolana, contribuindo na promoção, divulgação e conservação da história
angolana, sobretudo no domínio cultural. É igualmente fazer da UEA um espaço de
partilha entre escritores, baseados nos princípios da solidariedade,
transparência, unidade e responsabilidade social.
De
modo específico, os candidatos da Lista A pretendem aumentar os níveis de produção e venda de títulos (livros) durante
os próximos três anos; proporcionar mais
espaços de debate, troca de experiências e divulgação das obras dos membros da
UEA dentro e fora do país; e reforçar e criar novas parcerias com instituições
nacionais e internacionais, estabelecendo protocolos de parceria nos vários domínios
da promoção e divulgação da literatura angolana.
Pretendem
também incentivar o gosto pela leitura e a escrita no seio dos jovens e
melhorar a capacidade de prestação de contas e as condições da UEA para prestar serviços públicos.
O
documento refere que, a ser eleita, a Lista A vai bater-se pela mobilização de meios para a produção
de mais de 60 títulos dos membros da UEA a nível interno e externo, o estabelecimento
de protocolos de parceria com Universidades e livrarias e por uma maior tradução
da literatura angolana nas línguas estrangeiras mais influentes (inglês,
francês, espanhol, italiano e alemão).
Vai
realizar a Feira Internacional do Livro da UEA, com periodicidade anual, o
Grande Prémio de Literatura da UEA, com carácter bianual, lançar o Prémio António de Assis Júnior, revitalizar o
Prémio Quem Me Dera Ser Onda e institucionalizar os prémios Alda Lara e Eugénio
Ferreira, este especificamente no campo da crítica literária.
Com
a Lista A, é prometido no seu programa, a literatura angolana passará a estar representada
nos eventos literários internacionais, serão levadas “biblioteca e leitura” às principais
unidades prisionais do país e publicitadas as obras literárias nos meios de
transportes públicos e privados.
Serão
feitas parcerias com a comunicação social para a promoção e divulgação da
literatura angolana, realizados eventos culturais tais como a comemoração dos
50 anos de lançamento do livro “Luuanda”, do escritor Luandino Vieira, e a
Semana Africana na Universidade de Coimbra, em
Portugal.
Do programa consta igualmente a realização de um Seminário
Internacional de Literatura sobre Guerra e Paz, um encontro nacional de
escritores, a participação em feiras internacionais do livro e encontros de
confraternização durante os aniversários da UEA.
O projecto de liderança de Carmo Neto para os próximos três anos
inclui a recolha e selecção de novos potenciais parceiros para apoiar a
promoção e divulgação da literatura angolana, a promoção de bibliotecas junto
dos estabelecimentos escolares, formação e debate sobre crítica literária e o estabelecimento
de protocolos com o Ministério da Educação para que nas escolas, a todos os
níveis, seja obrigatório o estudo da literatura angolana e a divulgação dos
escritores angolanos.
É prometida a avaliação interna e externa das contas da UEA e
garantido o apoio à assistência médica e medicamentosa dos membros da UEA e
pessoal administrativo.
O
lema da campanha da Lista A é: “Unidos na União”.
***
Programa da Lista B
Influenciar
linhas de pesquisa universitárias
O
programa da Lista B, segundo os seus mentores liderados pelo escritor António
Gonçalves, é “inspirado nos grandes ideais que nortearam o surgimento da
Geração da Mensagem (1948) e dos intelectuais precedentes, imortalizados no
livro ‘Voz de Angola clamando no deserto’ (1801), primeiros pensadores
angolanos e fundadores da nossa Literatura nacional”.
A
intenção da Lista B, segundo o preâmbulo do seu programa, é “colmatar inúmeras
lacunas existentes no funcionamento actual da maior e mais antiga associação de
escritores em Angola”.
Noutra
vertente, é referido que se pretende “reclamar a maior adaptação da UEA aos
novos tempos, projectar um futuro rico em inovações, mas sem esquecer a história
do Povo Angolano e dos seus Heróis”. É igualmente projectado “recuperar o
protagonismo perdido pela UEA como elemento ‘chave’ da sociedade civil e restaurar
o orgulho de ser escritor-membro desta prestigiada associação”.
Concretamente,
o programa da Lista B consiste em negociar um seguro para todos os escritores
necessitados, organizar, em 2014, um colóquio em homenagem ao 90º aniversário
natalício de António Jacinto (28 de
setembro de 1924 — 23 de Junho de 1991), membro fundador da UEA e um dos
grandes da literatura nacional e apoiar, em 2014, a segunda Edição da
Bienal Internacional de Poesia de Luanda.
É
pleiteada a organização, em 2015, da segunda edição do Encontro Internacional
sobre Literatura Angolana, a consolidação do projecto editorial da UEA e o
fortalecimento, de forma contínua, da publicação e divulgação de livros.
É
referida a intenção de retomar a divulgação do Concurso Primeiro Livro, para os
novos autores em todo o território nacional, a criação do Prémio UEA para o
conjunto da obra de um escritor angolano, a ser entregue no dia 10 de Dezembro,
em conjunto com o Prémio Primeiro Livro.
É
proposta a criação de uma comissão para pesquisar e sugerir a instituição do Dia
do Escritor Angolano, a publicação da gazeta Lavra & Oficina, com
periodicidade mensal, e a promoção de encontros nacionais de escritores, com
cada edição numa província e o apoio do executivo local.
A
liderança de António Gonçalves propõe-se a organizar, em cada dois anos ou
sempre que as condições permitirem, um festival internacional de poesia de
Angola com a presença de poetas do mundo, “com destaque aos nossos irmãos
africanos”, revitalizar os acordos já
assinados pela UEA e reforçar os laços privilegiados com as diferentes associações
de escritores da CPLP e de países como África do Sul, Congos, Zâmbia, Namíbia e
da América Latina.
A
Lista B promete criar programas de Oficinas de Escrita Criativa dirigidos
especialmente a jovens, com a colaboração de especialistas de Angola, Cuba,
Portugal e Brasil, proporcionar condições para a construção da Casa do
Escritor, que, com os devidos apetrechamentos, servirá também para albergar
personalidades estrangeiras convidadas pela UEA.
No
seu projecto de gestão António Gonçalves, que se faz acompanhar pelo poeta João
Maimona, proposto a presidente da mesa da Assembleia Geral, inscreve a produção
de um programa, em formato televisivo e adequado ao radiofónico, para a
divulgação e discussão da literatura e suas implicações na sociedade e o
desenvolvimento de um projecto que permita manter convénios com instituições do
ensino superior vocacionadas para o ensino de literatura, estimulando e influenciando
as suas linhas de pesquisa.
É
também referida a ideia de revitalizar os concursos infanto-juvenis e a sua
extensão a escolas em todas as províncias.
Nas
províncias onde as condições o permitam deverão ser criados núcleos provinciais da UEA, com o apoio do
Executivo local através da direcção provincial da Cultura.
Serão
organizados encontros de confraternização entre escritores, para estimular as
tertúlias, tendo como convidadas personalidades de destaque da vida
sócio-cultural do país, bem como visitas turísticas a locais históricos e
culturais espalhados pelo país, em companhia de personalidades nacionais e
estrangeiras.
Finalmente,
o programa da Lista B promete redefinir os critérios de atribuição da bolsa de
criação literária, estabelecer um acordo com a coordenação das Mediatecas, de
modo a ter-se em conta a divulgação e promoção dos livros dos escritores angolanos
e estabelecer acordos com instituições culturais sediadas no país e no exterior.
“Competência,
Responsabilidade e Solidariedade. Por uma União ao Serviço dos Escritores, da
Cultura e da Nação” é o lema adoptado pela campanha de António Gonçalves.